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segunda-feira, 3 de abril de 2017

ESPELHO
Caminho vergada
Sob excesso de peso
Do tempo
Resignada
Rumino tudo
Que é decepção
Desengano
Lamento
( Falta saliva
Falta suco gástrico:
O bolo estagnado
No estômago da alma
É chumbo)
O mundo
Nada me oferece
Que não seja um espelho
Embaçado
Em carcomida moldura
( Sinto-me
Até
Condoída:
Coitado...
Há tantos anos me atura
Refletindo-me a imagem
Surrada
Gasta
Puída)
Em verdade eu o respeito
Pois conhece os meus medos
Meus sentimentos
Segredos:
Contei-lhe
Milhares de vezes
Deslizes
Reveses da vida
É franco
Não me esconde nada
Que seja realidade:
Rugas
Cabelos brancos
Dentes
Nem tanto
Olhos opacos
Acato seus pareceres
Veredictos
Ultimatos
Hoje me fez surpresa:
Mostrou-me
No fundo do abismo
Das velhas e gastas retinas
Minúsculo ponto de luz
( Estou bem ressabiada:
É brilho de espada
Ou de cruz? )